Bem vindo ao blog Entre Mares
Este blog é direccionado a todos os apaixonados pelas actividades subaquáticas dando especial destaque à caça submarina.
Tentamos dar a conhecer algumas espécies características das ilhas e os seus hábitos apelando a uma caça selectiva de todos os troféus que tornam as nossas ilhas tão especiais.
Focamos ainda uma caça muito particular que é a caça no azul que prima pela captura de grandes troféus sendo o exemplo máximo da caça selectiva. Neste contexto disponibilizamos informação sobre algumas espécies do azul, novidades de material, e capturas mais recentes da comunidade.
Estamos ao dispor para qualquer dúvida ou curiosidade.
sábado, 1 de maio de 2010
Primeira dourada do ano
Estudei o mais que pude para ter algum tempo livre quando o mar estivesse de feição.
Acordei de manhã e fui ver o mar, a norte, com o meu amigo Ruben. As condições não eram as melhores mas dava para caçar: mar com um toque e a água razoavel. Com a pica com que andava o mar estava chão e a água vidro, mas infelizmente o Ruben não ia poder caçar devido a um imprevisto. Lá voltamos para Cascais e eu sem boleia (isto de não ter carta chega a ser desagradável por vezes). Após chatear alguns amigos lá consegui convencer o André.
Bastante contrariado, lá veio fazer o favor de irmos dar um mergulho mais a norte. A motivação era tanta que, mesmo comigo a chatear, conseguiu vestir o fato em cerca de 30minutos intervalando momentos de grande genica com alguns comentários bastante positivos sobre as condições do mar.
Após algum esforço lá me encontrava junto à praia. Desta vez tinha optado por uma zona nova que nunca havia caçado mas que tinha bastante bom aspecto. A maré cheia de 3.8 e o toque de mar faziam prever alguma movimentação junto à espuma.
Comecei a bater uma zona de pedra sem grande interesse onde apanhei um robalo de 0.5kg por engano. Fui seguindo até a uma laje, mais por fora, onde esperava encontrar algum sargo ou, eventualmente, uma dourada. Ainda estava a cerca de 20metros do inicio da laje e já ouvia as douradas a comer. Disse ao meu amigo, pouco experiente, para esperar que eu fizesse um mergulho pois elas são bastante desconfiadas. Fiz o mergulho na areia e segui por um fundão até chegar a uma fenda vertical que vinha dos 4m até à superficie e fazia um canal estreito até à laje constituindo o sitio perfeito para fazer uma espera caso as douradas se tivessem mantido por ali. Mal me "encaixo" na abertura da vejo um sargo com cerca de 1,5kg, calmo, mas opto por esperar. Logo depois vejo a primeira dourada a passar a 3metros de mim e a começar a comer, calmamente. Teria cerca de 3kg. Preparo o disparo e quando já estava convencido a apanhar o peixe entra um cardume de cerca de 50 douradas em água livre entre os 2kg e os 3kg. Apesar de estar a caçar a uma profundidade reduzida os peixes estavam extremamente calmos, fiquei a ver o cardume passar na esperança de encontrar alguma maior enquanto contemplava o esplendor destes magnificos exemplares que passavam, alguns, a menos de 2metros de mim.
Com a apneia a acabar e com a esperança de apanhar alguma dourada que se destacasse no cardume dei a volta dentro da fenda e voltei para trás pelo fundo enquanto observava o cardume que continuava a comer calmamente ou simplesmente a passear a meia água.
Quando volto ao mesmo sitio, onde seria suposto o meu companheiro estar à espera, qual não é a minha felicidade quando o vejo a mergulhar mesmo no meio da laje. Passados cerca de 30segundos veio o tipico F"/%$#)(#EEE! Tinha falhado uma dourada mesmo no meio da laje onde estavam a comer. Quando voltei à fenda o cardume tinha desaparecido como seria de esperar.
No entanto resolvi insistir, desta vez para o lado norte da laje onde ainda não tinha pescado. Mergulhei de novo junto a areia e fui seguindo para norte, junto a um muro com cerca de 1,5m de altura. Quando cheguei ao final do muro fiz uma espera virado para a laje. Passados cerca de 30segundos olho para trás e estava uma dourada com cerca de 3kg a entrar pelo lado da areia e eu com a arma apontada para a direcção oposta. Calmamente fui virando a arma evitando olhar directamente para o peixe mas conseguia perceber que se mantinha calmo, reagindo pouco ao movimento de 180º da arma. Quando já estava muito perto de ter o peixe em frente à ponta do arpão a dourada começa a afastar-se lentamente, mas já era tarde. Arrisquei um tiro enviesado que saiu na cabeça. Passados alguns segundos tinha o peixe no enfião.
Demos mais uma volta por ali mas os pescas dificultavam as nossas deslocações proferindo comentários carinhosos quando nos encontravamos a menos de 800metros das suas linhas. Resolvemos saír e arriscar uma outra zona mais a norte onde apanhamos uns sargos mas nunca mais entraram douradas.
Infelizmente não tinha máquina fotográfica e só de noite pude tirar a bela da foto na cozinha.
David Ochoa e José Silva.
terça-feira, 23 de março de 2010
A Razão para se ir pesca... Por Rodrigo Salvador
Terminado as épocas de exames, necessitava de escoar o óleo de fritura da massa cefálica e rumo a casa, na esperança de dar uns mergulhos com os amigos, capturar um marisco e uns peixes para o petisco.. estamos no final de Fevereiro e pelo que falei com a malta do mar, os robalos aproveitaram o mar mau para desovar, estão magros e a maior parte já fez rumo para águas mais profundas.
Num sábado nublado e frio com chuviscos á mistura, liga-me o maluco do Jodi cerca do meio-dia, “pute, bora aí dar um mergulho rápido agora para apanharmos uns peixes e um marisco para a bezana” respondo-lhe eu “convenceste-te só pela palavra bezana. hehe” ás 14h encontramo nos na rampa do parchal a vestir os fatos e a constatar que a água nesse dia está uma valente bosta , uma paragem rápida na margem do rio Arade do lado de Portimão, para abastecer e embarcarmos o nosso amigo bruno, mais conhecido entre os amigos por “Xico da burra” só pela presença dele já sei que isto vai prometer. Já fora da barra decidimos ir cair nos muros lá para os lados de armação, pois a água por fora deve ser melhor. Lá chegados, bóia à água, o Jodi desce e constata que a água por incrível que parece e pelo pouco espanto dos presentes, é uma valente cagada, 1 m de visibilidade á superfície e mais uns dois ou três no fundo.. “isto tá mem bom maline” começa , “mem bom para se ficar em casa!” termina ele.
lá decido entrar com muito custo, mas a táctica é simples, correr o muro á procura de umas santolas ou mais conhecido por King Crab português e pelo meio capturar um peixito ou outro, antes de mergulhar ele ainda me comenta, “velá que aqui é uma zona quente de pargos dourados, pode ser que andem aí” pode ser que sim, mas com estas condições duvido que apareçam.. jogo-me por ali abaixo e chego aos 17m a cuspir os bofes para fora, não vejo movimento nenhum e perco imediatamente a vontade de ali ficar.. vou continuando nestas incursões até que capturo as primeiras duas santolas, mais uns mergulhos e na descida, passa-me um Sargo-veado jeitoso por baixo a abrir, dou-lhe um desconto á frente, o arpão apanha-o de cima, um tiro espectacular, recolho o peixe e subo para o barco, digo que a minha pesca já está feita, deve pesar perto dos 3kg’s. recolhemos o Jodi, este tem uma tripla de sargos e um robalote mais duas santolas(uma delas é um valente monstro). Uma breve troca de impressões e decidimos encostar para ver se os robalos lá andam ainda.. corremos as zonas mais prometedoras mas nem vê-los, parece que já levaram a porrada nos dias anteriores e capturaram-se grandes exemplares, o peixe já se foi todo. Pesca feita rumamos a casa prontos para a petiscada e mais um serão entre amigos, amigas, marisco, peixaxas e lá pelo meio, muita cerveja para acompanhar.. ahhh afinal a caça sub é isto mesmo!
Este texto e imagens foram cecidas pelo Rodrigo Salvador, que já á algum tempo tem colaborado conosco no blog, e certamente virá a partilhar mais momentos interessantes.
Obrigado Rodrigo mais uma vez por nos ter cedido esta história.
Um abraço
Zé Silva & David Ochoa
domingo, 28 de fevereiro de 2010
André Figueira
Foi com extremo pesar que recebemos, hoje, a confirmação do trágico desfecho do desaparecimento de André Figueira
O jovem de apenas 27 anos, saiu na manha de dia 27 de Fevereiro acompanhado por dois amigos que acabaram por se separar. Ao fim de algumas horas sem saber do paradeiro de André os dois parceiros fizeram os maiores esforços para o encontrar até ao final da tarde, juntamente com as autoridades, que só retomaram as buscas na manhã seguinte.
O André foi encontrado, no dia seguinte, a 15metros de profundidade, perto da zona onde tinha a bóia de sinalização.
Pelos detalhes do acidente calcula-se que a causa da sua morte tenha sido uma síncope, o fenómeno responsável pela grande maioria das mortes na caça submarina.
Hoje ficam manchadas, mais uma vez, as lindíssimas ilhas Açorianas que assistem a um número de mortes constantes em cada ano. 2010 não começa da melhor maneira.
Este desporto, que move um número crescente de adeptos, é cada vez mais marcado por acidentes fatais que deixam a comunidade de luto.
Mais uma vez salientamos que esta paixão, infelizmente, acarreta riscos elevadíssimos que continuam a proclamar as suas vítimas.
Que esta morte não tenha sido em vão e faça-nos reflectir um pouco sobre a nuvem que paira em torno da modalidade. Aqui fica o link da divewise: http://divewise.org/ uma grande fonte de informação que pode salvar muitas vidas.
Os nossos sinceros sentimentos à família, amigos e a todos os membros da comunidade que partilhem a nossa dor.
Zé Silva e David Ochoa
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
De volta ao Sul
Finalmente acabaram os exames!!!
Com o objectivo de passar a tudo com boas notas cumprido era tempo de fugir do ambiente citadino lisboeta e tirar uns dias de pesca pelo sul e aproveitar alguma tranquilidade tão tipica desta região.
Desta vez juntei-me a um grande amigo, o Ruben Sousa.
Graças ao Francisco Lisboa, que nos disponibilizou a sua casa, pudemos levar o barco conosco.
Fomos amavelmente recebidos pelo Franscisco, já em Faro, que nos deu as ultimas dicas antes de apanhar o avião para o Porto. A casa, a cerca de 200m da ria, era um luxo. Da varanda podiamos ver a ria e o mar bem como algumas das marcas do grande temporal que cessara há cerca de duas semanas ( como ilustra a foto da palmeira "invertida" )
Os dias de caça foram marcados por condições muito difceis. As grandes chuvadas que nos precederam sujaram as águas de toda a costa entre Albufeira e Tavira. A caçar entre os 15 e os 25metros de profundidade as visibilidades variavam entre os 3m e a escuridão total - em algumas zonas a visibilidade não ultrapassava os 30cm - sendo que a média andava nos 2m.
Com muita persistência lá apanhamos uns robalitos e uns sargos.
Aqui ficam as fotos de algumas capturas. Andamos sempre a caçar a meio do dia devido a inumeros atrasos e esquecimentos que nos acompanharam em toda a estadia pelo que não houve muito tempo para boas fotos.
Aproveito também para deixar um grande agradecimento ao Nuno Sousa que nos deu algumas dicas essenciais e nos proporcionou um belo dia de pesca nos seus "cantinhos". Conhecemos também o João Jesus, grande mestre das corvinas.
Uma viajem marcada por algumas peripécias como andar com 30 cm de água à noite em cima de viveiros de ameiojoas com canas espetadas fora de água ou esquecimentos matinais consecutivos mas onde reinou sempre a boa disposição.
Esperemos que gostem, David Ochoa e José Silva.
quinta-feira, 24 de dezembro de 2009
Choque Cultural
É verdade, a globalização ainda não tomou conta do mundo. Este cartaz, em Bali, na Indonésia, é um bom exemplo disso.
Esta imagem foi cedida pelo Francisco Lisboa que tirou a fotografia na sua mais recente trip à Indonésia, mais imagens virão desta fantastica viajem.
Obrigado por partilhares conosco, Francisco.
Bom Natal, David Ochoa e José Silva
terça-feira, 22 de dezembro de 2009
Corvinas do Sul
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
Relato de uma captura
Às 7h já estávamos em mar aberto em direcção ao banco que iria dar início à nossa jornada. A leve ondulação embalava vários bandos de cagarros que se baloiçavam imperturbáveis no imenso azul, apenas os peixes voadores nos lembravam que a nossa presença não passava completamente despercebida neste nascer de dia mágico.
Chegados ao nosso destino não era possível disfarçar o nervoso miudinho da consciência de um dia de condições raras para estar no mar.
À medida que me preparava para entrar na água, com uma calma aparente, não podia parar de imaginar o tão cobiçado troféu a por à prova todo o material. Entrei com o nosso amigo basco, Eneko, enquanto o meu pai ficava no barco a timonar. A visibilidade rondava os 25 metros e não havia corrente. O cardume de peixes porcos mantinha a habitual presença a par de algumas bicudas e encharéus mas nada do que procurávamos. Após alguns mergulhos decidimos encostar a terra para podermos caçar os três e fazer algumas filmagens. Eu entrei na água apenas com a camera de filmar e rapidamente me vi envolto num cardume de lírios e encharéus que estavam a resultar em alguns momentos bonitos. Descaí mais um pouco para terra e encontrei um buraco com um mero bastante manso e fotogénico que me cativou durante uns minutos. Ao voltar de um mergulho oiço o meu pai a gritar e percebi logo do que se tratava. Nadei com todas as minhas forças em direcção ao peixe que ele tinha arpoado na esperança de filmar a captura seguido mais alguns metros atrás pelo Eneko que acabou por ficar com o meu pai junto à bóia. Passados alguns minutos de remada intensa consigo deslumbrar um bonito wahoo que se debatia a cerca de 10 metros de profundidade ora ganhando alguns metros em relação a mim ora sendo recuperado pela acção do bungie. Quando consegui ver o peixe com alguma nitidez pude reparar no tiro que estava perfeitamente seguro na espinha a um terço da caudal do peixe e não me preocupei muito em voltar para um segundo tiro pelo que comecei a filmar. Ao segundo mergulho que faço para filmar o wahoo vejo o arpão a sair do peixe! O wahoo, já cansado, começa a nadar a meia água e eu apenas com a camera na mão a gritar por uma arma. O Eneko esforçou-se por me alcançar mas não conseguia chegar perto de mim, que estava a nadar atrás do peixe. Percebi que a única hipótese de ter a arma seria voltar para trás apesar de isso implicar perder o peixe de vista. Tentei fixar mais ou menos a trajectória do peixe e voltei para trás rapidamente até ter a arma na mão para depois arrancar a toda a velocidade em direcção ao peixe que acabei por encontrar momentos depois. Apesar de cansado não parava de nadar a cerca de 15m de profundidade. Eu preparei com grande esforço o mergulho e caí por cima do peixe na esperança de conseguir um tiro na vertical mas, quando sentiu a minha presença, distanciou-se uns metros e fiquei apenas com a caudal a alcance de tiro, já no final da apneia, arrisquei um tiro comprido quando o peixe se virou para me ver. Um bom tiro atrás da cabeça. O wahoo arrancou novamente, em pouco tempo tinha o carreto no fim e era arrastado à superfície até que o meu pai chegou com a arma dele carregada, completamente estafado, e passou-ma para a mão supondo que fosse eu a dar o segundo tiro. Após toda esta “correria” estava completamente estafado. Um mergulho a 20 metros pareceu uma eternidade, finalmente, com o peixe a alcance de tiro, disparei mesmo por trás do olho e matei o wahoo. Pesou 25kg sendo que tinha o estômago completamente vazio. Ainda houve tempo para mais um mergulho noutra baixa onde apanhamos um badejo com 8kg e um encharéu com 10kg. Voltamos para terra com uma grande satisfação que só acabou depois de uma grande jantarada de sushi e
ceviche..
Este texto foi cedido à e-blue, disponivel em http://www.e-blue.com/. Onde estarão ao dispor alguns artigos interessante juntamente com o seguimento deste texto, que se encontra inserido no artigo "wahoo o príncepe do azul" .
Obrigado Aris pela gentileza e parabéns pelo trabalho que tens desenvolvido.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2009
Uns dias pelo Sul
Um robalo e um sargo de bico apanhados ao agachon
E para acabar aqui ficam duas fotos dos fantásticos pores-de-sol que marcam esta zona.
Os peixes que aparecem nas fotos foram todos apanhados ao agachon em zonas de correntes fortissimas, com visibilidades a variar entre os 2 e os 10metros. O fundo variava entre zonas muito acidentadas e pedra rolada entre os 15 e os 25 metros de profundidade, onde tanto se passavam duas horas sem ver um peixe, como, de repente, entrava uma parede de robalos e sargos. Deu ainda para ver uma corvina grande, com cerca de 25kg, e umas mais pequenas, até 15kg, às quais não disparei à espera que entrasse uma maior, que acabou por nunca aparecer..
Nestes dias deu para aproveitar algum merecido descanço dos estudos, comer peixe fresquinho e marisco.
Desde caçar a ficar maravilhado pelo nascer do dia, ou simplesmente comer uma bela santola à sombra do eucalipto, estes dias foram uma dádiva, nesta altura de injecção de matéria para os exames..
Espero voltar rápidamente!
quarta-feira, 2 de dezembro de 2009
Obrigado Rodrigo
Um robalo com mais de 5kg apanhado num final de dia invernal mágico lembra-nos que são os grandes troféus que, na maioria das vezes, ocupam os nossos sonhos como caçadores.
Para quem não se recorda, Rodrigo Salvador ficou em 9º lugar no ranking geral do torneio nacional de primeiras categorias este ano e arrecadou o prémio do maior troféu com um grande robalo.
Fazendo parte da nova geração é já uma referencia na caça continental e certamente virá a partilhar momentos interessantes que serão expostos no blog.
José Silva & David Ochoa