Bem vindo ao blog Entre Mares

Este blog é direccionado a todos os apaixonados pelas actividades subaquáticas dando especial destaque à caça submarina.

Tentamos dar a conhecer algumas espécies características das ilhas e os seus hábitos apelando a uma caça selectiva de todos os troféus que tornam as nossas ilhas tão especiais.

Focamos ainda uma caça muito particular que é a caça no azul que prima pela captura de grandes troféus sendo o exemplo máximo da caça selectiva. Neste contexto disponibilizamos informação sobre algumas espécies do azul, novidades de material, e capturas mais recentes da comunidade.

Estamos ao dispor para qualquer dúvida ou curiosidade.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Relato de uma captura

Agosto de 2009, Açores.

Às 7h já estávamos em mar aberto em direcção ao banco que iria dar início à nossa jornada. A leve ondulação embalava vários bandos de cagarros que se baloiçavam imperturbáveis no imenso azul, apenas os peixes voadores nos lembravam que a nossa presença não passava completamente despercebida neste nascer de dia mágico.
Chegados ao nosso destino não era possível disfarçar o nervoso miudinho da consciência de um dia de condições raras para estar no mar.
À medida que me preparava para entrar na água, com uma calma aparente, não podia parar de imaginar o tão cobiçado troféu a por à prova todo o material. Entrei com o nosso amigo basco, Eneko, enquanto o meu pai ficava no barco a timonar. A visibilidade rondava os 25 metros e não havia corrente. O cardume de peixes porcos mantinha a habitual presença a par de algumas bicudas e encharéus mas nada do que procurávamos. Após alguns mergulhos decidimos encostar a terra para podermos caçar os três e fazer algumas filmagens. Eu entrei na água apenas com a camera de filmar e rapidamente me vi envolto num cardume de lírios e encharéus que estavam a resultar em alguns momentos bonitos. Descaí mais um pouco para terra e encontrei um buraco com um mero bastante manso e fotogénico que me cativou durante uns minutos. Ao voltar de um mergulho oiço o meu pai a gritar e percebi logo do que se tratava. Nadei com todas as minhas forças em direcção ao peixe que ele tinha arpoado na esperança de filmar a captura seguido mais alguns metros atrás pelo Eneko que acabou por ficar com o meu pai junto à bóia. Passados alguns minutos de remada intensa consigo deslumbrar um bonito wahoo que se debatia a cerca de 10 metros de profundidade ora ganhando alguns metros em relação a mim ora sendo recuperado pela acção do bungie. Quando consegui ver o peixe com alguma nitidez pude reparar no tiro que estava perfeitamente seguro na espinha a um terço da caudal do peixe e não me preocupei muito em voltar para um segundo tiro pelo que comecei a filmar. Ao segundo mergulho que faço para filmar o wahoo vejo o arpão a sair do peixe! O wahoo, já cansado, começa a nadar a meia água e eu apenas com a camera na mão a gritar por uma arma. O Eneko esforçou-se por me alcançar mas não conseguia chegar perto de mim, que estava a nadar atrás do peixe. Percebi que a única hipótese de ter a arma seria voltar para trás apesar de isso implicar perder o peixe de vista. Tentei fixar mais ou menos a trajectória do peixe e voltei para trás rapidamente até ter a arma na mão para depois arrancar a toda a velocidade em direcção ao peixe que acabei por encontrar momentos depois. Apesar de cansado não parava de nadar a cerca de 15m de profundidade. Eu preparei com grande esforço o mergulho e caí por cima do peixe na esperança de conseguir um tiro na vertical mas, quando sentiu a minha presença, distanciou-se uns metros e fiquei apenas com a caudal a alcance de tiro, já no final da apneia, arrisquei um tiro comprido quando o peixe se virou para me ver. Um bom tiro atrás da cabeça. O wahoo arrancou novamente, em pouco tempo tinha o carreto no fim e era arrastado à superfície até que o meu pai chegou com a arma dele carregada, completamente estafado, e passou-ma para a mão supondo que fosse eu a dar o segundo tiro. Após toda esta “correria” estava completamente estafado. Um mergulho a 20 metros pareceu uma eternidade, finalmente, com o peixe a alcance de tiro, disparei mesmo por trás do olho e matei o wahoo. Pesou 25kg sendo que tinha o estômago completamente vazio. Ainda houve tempo para mais um mergulho noutra baixa onde apanhamos um badejo com 8kg e um encharéu com 10kg. Voltamos para terra com uma grande satisfação que só acabou depois de uma grande jantarada de sushi e
ceviche..


Este texto foi cedido à e-blue, disponivel em http://www.e-blue.com/. Onde estarão ao dispor alguns artigos interessante juntamente com o seguimento deste texto, que se encontra inserido no artigo "wahoo o príncepe do azul" .

Obrigado Aris pela gentileza e parabéns pelo trabalho que tens desenvolvido.

Um comentário:

Gui Bruges ® disse...

Boa História! e grande momento!
parabéns pela captura!

abraço e boas caçadas